quinta-feira, 14 de maio de 2009

Características de Exu


Dia da semana - Segunda-feira
Cores - Preto e vermelho
Símbolos - Tridente e/ou bastão
Elemento - Fogo
Plantas - Pimenta, capim tiririca, urtiga, arruda, salsa, hortelã
Metal - Bronze, ferro (minério bruto)
Comidas - Farofa de dendê, bife acebolado, picadinho de míudos
Bebida - Cachaça
Sincretismo - Santo Antonio
Domínios - ( variados) Passagens, encruzuilhadas, caminhos, portas, entrada das casas
O que faz - Vigia as passsagens, abre e fecha os caminhos. Por isso ajuda a resolver problemas da vida fora de casa e a encontrar caminhos para progredir. Além disso, protege contra perigos e inimigos.
Quem é - É o elo de ligação entre os homens e os Orixás; Senhor da Vitalidade; do sexo; da alegria, da vida, das sensações.
Caracteristicas - Apaixonado, esperto, criativo, persistente, impulsivo, brincalhão, amigo.

O Sábio e a Borboleta


Moravam um pai e suas duas jovens filhas, moças bastante curiosas e inteligentes. Elas sempre lhe faziam muitas perguntas. Algumas, ele sabia responder; outras, não fazia a miníma ideia da resposta.
Como todo bom pai, pretendia oferecer a melhor educação para as filhas, por isso enviou-as para passar as férias com um velho sábio que morava no alto de uma colina. Este, por sua vez, respondia a todas as perguntas das jovens sem hesitar.
As moças sentiram-se muito incomodadas com essa situação, pois constataram que o tal velho era realmente sábio. Tiveram, então, a ideia de inventar uma pergunta que o sábio não soubesse responder.
Passaram-se alguns dias e uma das meninas apareceu com uma linda borboleta e exclamou para sua irmã:
-Desta vez o sábio não vai saber a resposta!
- O que você vai fazer? - perguntou a outra jovem.
- Tenho uma borboleta em minhas mãos. Vou perguntar ao sábio se a borboleta está viva ou morta. Se ele responder que ela está morta, abrirei minhas mãos e vou deixá-la voar para o céu. Se ele disser que ela está viva, vou apertá-la rapidamente e matá-la. Consequentemente, qualquer resposta que ele nos der estará errada.
As meninas foram, então, ao encontro do sábio, que se achava meditando sob um eucalipto na montanha. Uma delas aproximou-se e fez a pergunta. Com muita serenidade, o s´bio sorriu e respondeu:
- Depende de você... ela está em suas mãos.
Assim é a nossa vida, é o nosso presente e o nosso futuro. Não devemos culpar ninguém porque algo deu errado. O insucesso é apenas uma oportunidade de começar novamente com mais inteligência. Nós somos os responsáveis por aquilo que conquistamos ou não.
Nossa vida está em nossas mãos, como uma borboleta. Cabe a nós decidirmos o que temos que fazer com ela, só a nós; portanto, não permita que ninguém interfira nisso. NUNCA!!!
Texto extrído do livro " Além do que se ouve"

Esopo e a Língua



Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia.

Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:

- Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está a venda no mercado.

- Como? Perguntou o amo surpreso. Tens certeza do que está falando? Como podes afirmar tal coisa?

- Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei lá e trarei a maior virtude da Terra.

Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos voltou carregando um pequeno embrulho.

Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua, e , enfurecido, deu ao servo uma chance de explicar-se.

-Meu amo, não vos enganei, retrucou Esopo.

-A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, aliviar e conduzir.

-Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos.

- Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?

- Boa, meu caro, retrucou o amigo do amo. Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo.

- É perfeitamente possível, senhor, e com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda a Terra.

Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote semelhante ao primeiro.

Ao abri-lo, os amigo encontraram novamente pedaços de língua. Desapontados, interrogaram o escravo e obtiveram dele surpreendente resposta:

-Por que vos admirais de minha escolha?

- Do mesmo modo que a língua, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores se transforma no pior dos vícios.

- Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido.

- Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social.

- Acaso podeis refutar o que digo? Indagou Esopo.

Impressionados com a inteligência invulgar do seviçal, ambos os senhores calaram-se, comovidos, e o velho chefe, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.

Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da antiguidade e cujas histórias até hoje se espalham por todo mundo.

domingo, 10 de maio de 2009

O Encontro de Zé Pelintra com Lampião



Por Fernando Sepe



Um dia desses, passeando por Aruanda, escutei um conto muito interessante. Uma história sobre o encontro de Zé Pelintra com Lampião...
Dizem que tudo começou quando Zé Pelintra, malandro descolado na vida, tentou aproximar - se de Maria Bonita, pois a achava uma mulher muito atraente e forte, como ele gostava. Virgulino, ou melhor, Lampião, não gostou nada da história e veio tirar satisfação com o Zé:
_Então você é o tal do Zé Pelintra? Olha aqui cabra, devia te encher de bala, mas não adianta...Tamo tudo morto já! Mas escuta bem, se tu mexer com a Maria Bonita de novo, vou dá um jeito de te mandar pro inferno...
_Inferno? Hahahaha, eu entro e saiu de lá toda hora, num vai ser novidade nenhuma pra mim!_ respondeu o malandro _ Além do mais, eu nem sabia que a gracinha da "Maria" tinha um "esposo"! Então é por isso que ela vive a me esnobar!
_Gracinha? Olha aqui cabra safado, tu dobre a língua pra falar dela, se não tu vai conhecer quem é Lampião! _ disse Virgulino puxando a peixeira, já que não era e nunca seria, um homem de muita paciência.
_Que isso homem, tá me ameaçando? Você acha que aqui tem bobo?_ e Zé Pelintra estralou os dedos, surgindo toda uma falange de espíritos amigos do malandro, afinal ele conhecia a fama de Lampião e sabia que a parada era dura.
Mas Lampião que também tinha formado toda uma falange, ou bando, como ele gostava de chamar, assoviou como nos tempos de sertão e toda um "bando" de cangaceiros chegaram para participar da briga. A coisa parecia já não ter jeito, quando um espírito simples, com um chapéu na cabeça, uma camisa branca, cabelos enrolados, chegou dizendo:
_Oooooooxxxxxx! Mas o que que é isso aqui? Compadre Lampião põe essa peixeira na bainha! Oxente Zé, tu não mexeu com Maria Bonita de novo, foi? Mas eu num tinha te avisado, ooooxx, recolhe essa navalha, vamo conversar camaradas...
_Nada de conversa, esse cabra mexeu com a minha honra, agora vai ter! _ Disse Lampião enfurecido!
_To te esperando olho de vidro! _ respondeu Zé Pelintra.
_Pera aí! Pela amizade que vocês dois tem por mim, "Severino da Bahia", vamo baixar as armas e vamo conversar, agora!
Severino era um antigo babalorixá da Bahia, que conhecia os dois e tinha muita afeição por ambos. Os dois por consideração a ele, afinal a coisa que mais prezavam entre os homens era a amizade e lealdade, baixaram as armas. Então Severino disse:
_Olha aqui Zé, esse é o Virgulino Ferreira da Silva, o compadre Lampião, conhecido também como o "Rei do Cangaço". Ele foi o líder de um movimento, quando encarnado, chamado Banditismo ou Cangaço, correndo todo o sertão nordestino com sua revolta e luta por melhores condições de vida, distribuição de terras, fim da fome e do coronelismo, etc. Mas sabe como é, cometeu muitos abusos, acabou no fim desvirtuando e gerando muita violência...
_É, isso é verdade. Com certeza a minha luta era justa, mas os meios pelo qual lutei não foram, nem de longe, os melhores. Tem gente que diz que Lampião era justiceiro, bem...Posso dizer que num fui tão justo assim_ disse Lampião assumindo um triste semblante.
_ Eu sei como é isso. Também fui um homem que lutou contra toda exploração e sofrimento que o pobre favelado sofria no Rio de Janeiro. Nasci no Sertão do Alagoas, mas os melhores e piores momentos da minha vida foram no Rio de Janeiro mesmo. Eu personificava a malandragem da época. Malandragem era um jeito esperto, "esguio", "ligeiro", de driblar os problemas da vida, a fome, a miséria, as tristezas, etc. Mas também cometi muitos excessos, fui por muitas vezes demais violento e, apesar de morrer e terem me transformado em herói, sei que não fui lá nem metade do que o povo diz_ dessa vez era Zé Pelintra quem perdia seu tradicional sorriso de canto de boca e dava vazão a sua angústia pessoal...
_Ooxx, tão vendo só, vocês tem muitas semelhanças, são heróis para o povo encarnado, mas, aqui, pesando os vossos atos, sabem que não foram tão bons assim. Todos têm senso de justiça e lealdade muito grande, mas acabaram por trilhar um caminho de dor e sangue que nunca levou e nunca levará a nada.
_É verdade... Bem, acho que você não é tão ruim quanto eu pensava Zé. Todo mundo pode baixar as armas, de hoje em diante nós cangaceiros vamo respeitar Zé Pelintra, afinal, lutou e morreu pelos mesmos ideias e com a mesma angústia no coração que nós!
_ O mesmo digo eu! Aonde Lampião precisar Zé Pelintra vai estar junto, pois eu posso ser malandro, mas não sou traíra e nem falso. Gostei de você, e quem é meu amigo eu acompanho até na morte.
_Oooooxxxxx! Hahahaha, mas até que enfim! Tamo começando a nos entender. Além do mais, é bom vocês dois estarem aqui, juntos com vossas falanges, porque eu queria conversar a respeito de uma coisa! Sabe o que é...
E Severino falou, falou e falou... Explicando que uma nova religião estava sendo fundada na Terra, por um tal de Caboclo das Sete Encruzilhadas, uma religião que ampararia todos os excluídos, os pobres, miseráveis e onde todo e qualquer espírito poderia se manifestar para a caridade. Explicou que o culto aos amados Pais e Mães Orixás que ele praticava quando estava encarnado iria se renovar, e eles estavam amparando e regendo todo o processo de formação da nova religião, a Umbanda...
_...é isso! Estamos precisando de pessoas com força de vontade, coragem, garra para trabalhar nas muitas linhas de Umbanda que serão formadas para prestar a caridade. E como eu fui convidado a participar, resolvi convidar vocês também! Que acham?
_Olha, eu já tenho uma experiência disso lá no culto a Jurema Sagrada, o Catimbó! Tô dentro, pode contar comigo! Eu, Zé Pelintra, vou estar presente nessa nova religião chamada Umbanda, afinal, se ela num tem preconceito em acolher um "negô" pobre, malandro e ignorante como eu, então nela e por ela eu vou trabalhar. E que os Orixás nos protejam!
_Bem, eu num sô homem de negar batalha não! Também vou tá junto de vocês, eu e todo o meu bando. Na força de "Padinho" Cícero e de todos os Orixás, que eu nem conheço quem são, mas já gosto deles assim mesmo...
E o que era pra transformar - se em uma batalha sangrenta acabou virando uma reunião de amigos. Nascia ali uma linha de Umbanda, apadrinhada pelo baiano "Severino da Bahia", pelo malandro mestre da Jurema "Zé Pelintra" e pelo temido cangaceiro "Lampião".
Junto deles vinham diversas falange. Com o malandro Zé Pelintra vinham os outros malandros lendários do Rio de Janeiro com seus nomes simbólicos: "Zé Navalha", "Sete Facadas", "Zé da Madrugada", "7 Navalhadas", "Zé da Lapa", "Nego da Lapa", entre muitos e muitos outros.
Junto com Lampião vinha a força do cangaço nordestino: Corisco, Maria Bonita, Jacinto, Raimundo, Cabeleira, Zé do Sertão, Sinhô Pereira, Xumbinho, Sabino, etc.
Severino trazia toda uma linha de mestres baianos e baianas: Zé do Coco, Zé da Lua, Simão do Bonfim, João do Coqueiro, Maria das Graças, Maria das Candeias, Maria Conga, vixi num acaba mais...
Em homenagem ao irmão Severino, o intermediador que evitou a guerra entre Zé Pelintra e Lampião, a linha foi batizada como "Linha dos Baianos", pois tanto Severino como seus principais amigos e colaboradores eram "Baianos".
E uma grande festa começou ao som do tambor, do pandeiro e da viola, pois nascia ali a linha mais alegre, mais divertida e "humana" da Umbanda. Uma linha que iria acolher a qualquer um que quisesse lutar contra os abusos, contra a pobreza, a injustiça, as diferenças sociais, uma linha que teria na amizade e no companheirismo sua marca registrada. Uma linha de guerreiros, que um dia excederam - se na força, mas que hoje lutavam com as mesmas armas, agora guiados pela bandeira branca de Oxalá.
E, de repente, no meio da festa, raios, trovões e uma enorme tempestade começaram a cair. Era Iansã que abençoava todo aquele povo sofrido e batalhador, igualzinho ao povo brasileiro. A Deusa dos raios e dos ventos acolhia em seus braços todas aqueles espíritos, guerreiros como ela, que lutavam por mais igualdade e amor no nosso dia - dia.
E assim acaba a história que eu ouvi, diretamente de um preto " velho, um dia desses em Aruanda. Dizem que Zé Pelintra continua tendo uma queda por "Maria Bonita", mas deixou isso de lado devido ao respeito que tem pelo irmão Lampião. Falam, ainda, que no momento ele "namora" uma Pombagira, que conheceu quando começou a trabalhar dentro das linhas de Umbanda. Por isso é que ele "baixa", às vezes, disfarçado de Exu...


"Oxente eu sou baiano, oxente baiano eu sou
Oxente eu sou baiano, baiano trabalhador
Venho junto de Corisco, Maria Bonita e Lampião
Trabalhar com Zé Pelintra
Pra ajudar os meus irmãos...!"

quinta-feira, 7 de maio de 2009

PENSAMENTOS DE LUZ!!!




O que sou!

Deus é meu pai.

A Natureza é minha Mãe.

O Universo é meu Caminho.

A Eternidade é meu Reino.

A Imortalidade é minha Vida.

A Mente é meu Lar.

O Coração é meu Templo.

A Verdade é meu Culto.

O Amor é minha Lei.

A Forma em si é minha Manifestação.

A Consciência é meu Guia.

A Paz é meu Abrigo.

A Experiência é minha Escola.

O Obstáculo é minha Lição.

A Dificuldade é meu Estímulo.

A Alegria é meu Cântico.

A Dor é meu Aviso.

A Luz é minha Realização.

O Trabalho é minha Benção.

O Amigo é meu Companheiro.

O Adversário é meu Instrutor.

O Próximo é meu Irmão.

A Luta é minha Oportunidade.

O Passado é minha advertência.

O Presente é minha Realidade.

O Futuro é minha Promessa.

O Equilíbrio é minha Atitude.

A Ordem é minha Senha.

A Beleza é meu Ideal.

A Perfeição é meu Destino.


Que a Paz e o Amor de Zambi faça morada em seu Coração!!!

NÃO SEJA UMBANDISTA!!!


Por Alexandre Cumino


Ser Umbandista é amar a Deus acima de todas as coisas!!!

Ser Umbandista é amar a natureza e respeitá-la, pois Deus esta lá!!!

Ser Umbandista é reconhecer que os Orixás são Potências de Deus, Divindades, que manifestam as qualidades do Criador de Tudo e de Todos!!!

Ser Umbandista é ser amante da sabedoria, da virtude, da justiça e da humanidade!!!Ser Umbandista é ser amigo dos pobres, desgraçados que sofrem, que choram, que tem fome e chamam pelo direito de justiça!!!

Ser Umbandista é querer a harmonia das famílias, a concórdia dos povos, a paz do gênero humano!!!

Ser Umbandista é levar para o terreno prático, aquele formosíssimo preceito de todos os lugares e todos os séculos, que diz com infinita ternura aos homens de todas as raças, desde o alto de uma cruz e com os braços abertos ao mundo: "Amai-vos uns aos outros, formai uma só família, sede irmãos"!!!

Ser Umbandista é pregar a tolerância; praticar a caridade sem distinção de raças, crenças ou opiniões, é lutar contra a hipocrisia e o fanatismo!!!

Ser Umbandista é viver para a realização da Paz Universal, tendo pelos encarnados o mesmo respeito que se dedica aos desencarnados!!!

Ser Umbandista é ter uma crença religiosa sem tabus ou preconceitos, fundamentada na ética e no bom senso, sem ferir os valores dos bons costumes!!!

Ser Umbandista é respeitar a máxima que diz "somos imagem semelhança de Deus", vendo Deus na presença do semelhante e em nós, através de nossas virtudes de Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração!!!

Ser Umbandista é dar de graça o que de graça recebemos!!!



SE VOCÊ NÃO REUNE ESTAS CONDIÇÕES, AFASTE-SE DA UMBANDA!!!

Um diálogo entre Consciência e Coração




- Filho, você tem que seguir seu destino!

- Mas que destino é esse meu Senhor?

- Seu destino é lutar por um bem maior, beneficiar milhares de pessoas e fazer a Luz Divina brilhar intensamente por muito tempo na vida daqueles que for beneficiado pelo seu destino.

- Mas meu Senhor, isso não cabe aos iluminados?

- E o que é o Iluminado sem antes não buscar incessantemente á Luz e a ela servir? De que vale viver e não existir, não ter sido instrumento para a melhoria do meio?

- Não entendo!

- Certo, talvez seja mesmo difícil entender aquilo que se mostra tão claro aos olhos. Isso ocorre quando o medo toma conta da mente e assusta o coração. Entenda simplesmente que deverá cumprir com seu destino.

- Mas cumprir como com algo que desconheço?

- Conheça a si mesmo e entenderá o que digo.

- Mas assim continua confuso.

- Destino é aquilo que se espera, é certo que não existe um livro já escrito e somos apenas coadjuvantes de uma historinha, a próxima página é um mistério, apenas sabe-se que será continuação da página anterior. Então, o que está sendo escrito?

- Mas o que dizer quando é escrito linhas de luta, determinação e acima de tudo a busca de um bem maior para muitos e neste sentido percebemos apenas na página seguinte uma conseqüência desastrosa?

- Mas é o fim?

- Não sei!

- Se não sabe então saiba que não é o fim da linha, pois caso contrário seria óbvio o fim.

- E as conseqüências?

- Mas e o aprendizado?

- Sim, sim...aprendizado, mas... e se não resta mais oportunidade!?!

- Será? Vasculhe melhor.

- Não é possível que isso seja tudo.

- Não, não é. Tudo é a não desistência, é o cumprimento do dever sem temor.

- Mas eu temo. Não sou sozinho, existem vidas e estruturas envolvidas.

- Ótimo, isso impulsiona melhor.

- Impulso?

- Sim impulso.

- Pra onde?

- Para o destino.

- Ainda isso...destino...

- Isso é o mais certo, seja o que lhe foi determinado. Seja aquilo que precisamos. Precisamos de um braço forte, de um instrumento, de uma fonte realizadora que promova inovações e benefícios.

- Mas quando isso ocorre e o ônus recai apenas sobre este braço?

- Sinal que é mais forte do que se mostra. Acredite.

- Como acreditar quando a mente já não se tranqüiliza?

- Mente fervente é mente saudável. Mantenha-a sã.

- Certo, e qual o objetivo?

- Já foi dito. Realize e acredite. Nunca se falou em facilidades, jamais será fácil cumprir com metas, objetivos e realizar ideais. Haverá sempre obstáculos, muralhas e montanhas a ser superadas. Acreditar e trabalhar com afinco fará com que os resultados apareçam. Frente ao maior obstáculo imaginado, olhe para trás e observe que na construção de uma história, de uma trajetória vê-se sempre o resultado de superação. Contam-se histórias apenas aqueles que sobreviveram ás batalhas. Quem não supera, não tem o que escrever e quem não têm o que escrever não tampouco terá o que contar e muito menos com o que aprender. Não existe sucesso sem construção, sem dedicação, sem sangue. Orgulhe-se apenas daquilo que superou, do aprendizado perante o erro e não se ofusque com a luz dos resultados que não deve brilhar em ti mas tão somente iluminar aos outros, ao meio, aos beneficiários e você...bem...você não é iluminado pela própria luz, aceite que deverá reconhecer a luz de outra fonte, assim jamais esquecerá que ninguém é auto-suficiente e sempre precisaremos saber que é preciso baixar a cabeça e reconhecer que hora somos doadores e noutra somos beneficiados, esta é a Lei, este o ciclo, este é o Giro da existência. Então exista e seja lembrado e por quando for lembrado, lembrado pelos seus e por aqueles dos seus e por quando ainda falarem de ti e da sua luta, a glória então perdurará.Agora vá, assuma seu posto neste campo de batalha da vida e lute como se fosse a última batalha!


Obs: Muitas vezes nos encontramos em verdadeiras encruzilhadas da vida, neste caso o que precisamos é definir o caminho. Nos conflitos existênciais sempre somos acometidos por pensamentos destrutivos e buscar o brilho interno, uma força ainda desconhecida é talvez uma tarefa dolorosa, porém necessária. Quem está na sua "pele" é só você. Por isso te cabe definir qual lado da encruzilhada tu caminhará sem esquecer que um lado é luz e outro é trevas. Não adianta fazer uni-duni-tê ou tirar no palitinho, porque a resposta está dentro de você. Acredite, está mesmo...não tema,

domingo, 3 de maio de 2009

AS QUATRO VELAS


QUATRO VELAS ESTAVAM QUEIMANDO CALMAMENTE. O AMBIENTE ESTAVA TÃO SILENCIOSO QUE PODIA-SE OUVIR O DIÁLOGO QUE TRATAVAM...
A PRIMEIRA DISSE:- EU SOU A PAZ. APESAR DA MINHA LUZ, AS PESSOAS NÃO CONSEGUEM MANTER-ME, ACHO QUE VOU APAGAR.E DIMINUINDO DEVAGARINHO, APAGOU TOTALMENTE.
A SEGUNDA DISSE:- EU ME CHAMO FÉ. INFELIZMENTE SOU MUITO SUPÉRFLUA. AS PESSOAS NÃO QUEREM SABER DE DEUS. NÃO FAZ SENTIDO CONTINUAR QUEIMANDO.AO TERMINAR SUA FALA, UM VENTO LEVEMENTE BATEU SOBRE ELA, E ESTA ACABOU SE APAGANDO.BAIXINHO E TRISTE
A TERCEIRA VELA SE MANIFESTOU:- EU SOU O AMOR. NÃO TENHO MAIS FORÇAS PARA QUEIMAR. AS PESSOAS ME DEIXAM DE LADO, SÓ CONSEGUEM SE ENXERGAR, ESQUECEM-SE ATÉ DAQUELES À SUA VOLTA QUE LHES AMAM.E SEM ESPERAR MAIS NADA, APAGOU-SE.
DE REPENTE... ENTROU UMA CRIANÇA E VIU AS TRÊS VELAS APAGADAS.
- QUE É ISTO ? VOCÊS DEVIAM QUEIMAR E FICAR ACESAS ATÉ O FIM.DIZENDO ISSO, COMEÇOU A CHORAR.
ENTÃO A QUARTA VELA FALOU:
- NÃO TENHAS MEDO, CRIANÇA... ENQUANTO EU AINDA QUEIMAR, PODEMOS ACENDER AS OUTRAS VELAS... EU SOU A ESPERANÇA!
A CRIANÇA COM OS OLHOS BRILHANTES PEGOU A VELA QUE RESTAVA E ACENDEU AS DEMAIS..."

QUE A VELA DA ESPERANÇA JAMAIS SE APAGUE DENTRO DE NÓS

sábado, 2 de maio de 2009

Rompendo o Círculo


Estou sentado na velha cadeira de madeira.Não existe nada a minha frente ou mesmo atrás ou ao lado. Estranhamente sei que estou no centro de um pequeno círculo.Instintivamente percebo que existem outros círculos ao meu redor.Mas nada vejo.Sem que perceba ponho-me a vasculhar a empoeirada memória.Vejo coisas, sinto cheiros, relembro cenas boas ou ruins, por vezes me emociono.Sinto os olhos marejarem, a garganta apertar, reavalio minhas decisões e indecisões, meus amores e desamores, meus sonhos e pesadelos.Nem tenho noção de quanto tempo estou aqui sentado, também não sei se quero ou consigo levantar-me.Caso consiga, para onde irei se nada vejo a não ser essa paisagem estranha?Sinto-me seguro aqui na cadeira, nada faço, em contrapartida nada é feito contra mim.Por vezes acho que durmo ou descanso, mas nem sei se faço isso.Por onde andarão os que tanto amei? Chorarão por mim? Sei que choram.Como gostaria de revê-los, nem que por um segundo! Abraça-los, sentir-lhes o calor, dizer o quanto são importantes para mim. Deus, como gostaria de encontrar respostas...Acho que jamais virão. Sinto que não acordarei deste pesadelo.Parece que estou sendo observado. Tento gritar mas não consigo. Nada vejo, mas a sensação de que alguém me vê é algo indescritível.Já que não consigo gritar ou levantar da cadeira, resolvo fazer uma prece.Pela primeira vez vejo um vulto que caminha em minha direção. Um homem se aproxima. Acho estranho, percebo que se trata de um índio.Ele sorri para mim amistosamente. Pede para que eu me levante. Respondo que não consigo. Ele está fora do círculo, me olhando com carinho. Pede também para que eu me concentre que conseguirei! Esforço-me, mas é inútil.Ele me encoraja, faço nova tentativa. Pacientemente ele pede que eu saia do círculo. Dessa vez não duvido.Caminho cambaleante e transpasso. Ao sair, tenho uma surpresa: existem mesmo vários círculos como o meu.Todos envoltos em luzes das mais variadas.Em todos eles, outras pessoas que como eu não conseguem sair. E ao lado dos vários círculos, muitos índios, escravos, marujos, baianos, boiadeiros...O caboclo me explicou que estão aguardando apenas que sejam chamados para ajudarem. Pergunto, quanto tempo podem esperar? Ele me sorri e diz que eternamente se preciso for. Então ele me fala de Deus, Pai do Universo, Criador de todas as coisas. Descreve-me a tristeza do Pai Maior, diante de seus filhos que matam em nome dele, que pouco se importam com a natureza. Que menosprezam a vida e desconhecem a caridade.O nobre irmão mostra-se um sábio. Lendo meu comentário, ele fala do preconceito como uma grande barreira evolutiva.Quantas guerras e sofrimentos não seriam evitados se os homens não tivessem preconceitos? Quantas civilizações dizimadas em função do preconceito?Mas ele não fala com rancor, sinto que sente pena não dos perseguidos mas dos perseguidores...Pergunta-me se quero renascer. Sem hesitar digo-lhe que sim, sem dúvida aproveitaria esta oportunidade. Satisfeito ele me abraça, diz que estará sempre comigo. Sua luz é tão forte que fecho meus olhos e ainda assim a vejo.Ainda ouço quando ele diz que aquela luz me guiará sempre. Quando acordo estou em meu quarto.O mesmo sonho que acompanha desde jovem. Desta vez, saí do círculo. Sinto-me estranho, feliz.Mas o que será que significa tudo isso? Resolvo que hoje não irei trabalhar. Pego meu carro e guio a esmo.Passo pela cidade e quando me dou conta estou num bairro para mim até então desconhecido. Encanto-me com as casas, as pessoas, tudo ali me parece belo.Diante de uma casa branca, sinto um estranho arrepio. Paro o carro e caminho até ela. Meu coração está acelerado. O portão está aberto. Lá dentro me surpreendo com a cena: vejo várias imagens de escravos, índios, crianças. Um tambor que começa a ser tocado. Pessoas de branco que cantam com fervor. De repente alguém muda a postura e a voz. Colocam-lhe um penacho. Reconheço aquele que chega. Ele me sorri, pede que entre e me abraça. Diz que me espera há tempos. Devo desenvolver, sair de meu pequeno mundo terreno. Fala que muitos outros médiuns ainda se encontram presos às coisas terrenas precisando desenvolver, fazer caridade.Agora eu entendo meu sonho. Falo que irei cumprir minha palavra. Só me lembro do grito de guerra que ele deu. Daí para diante foi meu caboclo que veio e finalmente eu soube que aquela luz maravilhosa tinha nome: UMBANDA!!!!!Sim eu estava morto: morto para a vida espiritual, preso em meu mundo materialista. Finalmente a redenção em forma da prática da caridade. O círculo da ignorância havia sido definitivamente rompido.


Por Cassio Ribeiro

A Bíblia do Umbandista



Meus irmãos eu vou relatar um pensamento, que me foi apresentado, de um Guia, em uma gira de Exu-Velho, e sinceramente, eu fiquei impressionado com a sabedoria deste Exu-Velho, no final do relato eu conto quem foi o Sr. Da Luz.Certo dia estava conversando com um conhecido de outra religião (totalmente oposta aos nossos conceitos) e acabamos entrando em uma discussão sobre livros e claro que o questionamento inevitável foi feito:- Porque a sua religião não tem uma Bíblia?O Silêncio tomou conta de nosso diálogo por um pequeno instante. Expliquei que temos vários livros que contam a história de nossa religião, procedimentos, condutas, fatos que são relatados, etc. Mas confesso que de início concordei com a observação do questionador.Bom, continuamos com a nossa conversa, mas aquilo ficou martelando em minha cabeça, por alguns dias, até a chegada da Luz do irmão e amigo Exu-Velho.É chegado o dia da Gira de Exu-Velho, os sábios Tatás que recebemos em nossa Sagrada Umbanda, e posso dizer a vocês de coração, realmente que sabedoria eles possuem.Todos os preparativos prontos, então nós iniciamos, defumação sendo passada, pontos cantados, energia circulando, trabalho aberto, assistência pronta para atendimento e o meu amigo e irmão, que tenho um respeito enorme, chega ao terreiro para os trabalhos e atendimentos.Os atendimentos são iniciados, os passes de limpeza, de cura, de incentivo, etc e a dúvida martelando em minha mente, até que uma voz meio idosa que saía do fundo da alma no meio do vazio dizia-me: - Sossega "burro novo", acalme-se que depois nós conversamos, temos muito trabalho pela frente. Acatei os conselhos do Senhor e concentrei-me no trabalho. Após os atendimentos é chegada a hora dos esclarecimentos.Então o Sr. Exu-Velho com toda a sua Divina sabedoria dá a sua palavra para este "burro novo" (é assim que sou chamado por ele):- O "burro novo", quando lhe perguntarem - Qual é a sua Bíblia? Você calmamente sorri e responde:"A minha Bíblia é imensa e chama-se Natureza, uma única e verdadeira obra Divina, feita única e exclusivamente pelas mãos do grande Criador do Universo, onde seus capítulos e versículos são:
· A Cachoeira·
A Pedreira·
O Caminho·
O Lago·
O Mar·
A Mata·
O Céu·
O Fogo·
A Terra·
A Chuva·
O Vento·
O Dia·
A Noite·
A Vida·
A Morte
Onde tudo que precisamos saber está escrito nela, e já faz um bom tempo que foi escrito, antes mesmo de aparecer a nossa escrita. E que tudo isso é obra do Divino Criador do Universo, onde devemos o devido respeito. Ela é a nossa Bíblia, ela é Bíblia do Umbandista".Por estas poucas e sábias palavras eu agradeço ao Sr. Exu-Velho, pelo conhecimento passado a este "burro novo".Laroyê Sr. Tatá Caveira, eu me curvo diante de vossa sabedoria e lhe agradeço por me escolher como vosso "burro" para trabalhar.
Mensagem passada pelo Sr. Exu Tatá Caveira através do médium Danilo Lopes Guedes do Núcleo de Umbanda Casa da Vovó e do Vovô

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Significado do Cruzamento do Solo


Conta uma outra lenda que esse gesto de cruzar o solo ou a si mesmo só foi adotado pelos cristãos quando um "padre" romano, atiçado pela curiosidade, perguntou a um serviçal de sua igreja o porque dele cruzar o solo antes de entrar nela para limpá-la ... e o mesmo fazia ao sair dela. O serviçal, um negro já idoso que havia sido libertado pelo seu amo romano quando já não podia carregar os seus pesados sacos de pedras ornamentais, e que andava arqueado por causa de sua coluna vertebral ter se curvado de tanto peso que ele havia carregado desde jovem, ajoelhou-se, cruzou o solo diante dos pés do padre romano e, aí falou: - Agora já posso contar-lhe o significado do sinal da cruz, amo padre! - Por que, só após cruzar o solo diante dos meus pés, você pode revelar-me o significado do sinal da cruz, meu negro velho? - É porque eu vou falar de um gesto sagrado, meu amo. Só após cruzarmos o solo diante de alguém e pedirmos licença ao seu lado sagrado, esse lado se abre para ouvir o que temos a dizer-lhe. - Se você não cruzar o solo diante dos meus pés o seu lado sagrado não fala com o meu? É isso, meu negro velho e cansado?
- É isso sim, meu amo. Tudo o que falamos, ou falamos para o lado profano ou para o lado sagrado dos outros com quem conversamos! Como o senhor quer saber o significado do sinal da cruz usado por nós, os negros trazidos desde a África para trabalharmos como escravos aqui em Roma e, porque ele é um sinal sagrado, seu significado só pode ser revelado ao lado oculto e sagrado de seu espírito. Por isso eu cruzei o solo diante dos seus pés, pedi ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem entre os lados ocultos e sagrados dos nossos espíritos senão o senhor não entenderá o significado e a importância dos cruzamentos... e das passagens. O padre romano, ouvindo as palavras sensatas daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar os fardos de pedras ornamentais com as quais eles, os romanos, enfeitavam as fachadas e os jardins de suas mansões, sentiu que não estava diante de uma pessoa comum, mas sim diante de um sábio amadurecido no tempo e no trabalho árduo de carregar fardos alheios. Então o padre romano convidou o preto, velho e cansado, a acompanhá-lo até sua sala particular localizada atrás da sacristia. Já dentro dela, o padre sentou-se na sua cadeira de encosto alto e confortável e indicou um banquinho de madeira para que aquele preto velho se sentasse e lhe contasse o significado do sinal da cruz. O velho negro, antes de sentar-se, cruzou o banquinho e isto também despertou a curiosidade de empertigado padre romano, sentado em sua cadeira mais parecida com um trono, de tão trabalhada que ela era. - Por que você cruzou esse banquinho antes de se assentar nele, meu preto velho? - Meu senhor, eu só tenho essa bengala para apoiar meu corpo arqueado. Então, se vou sentar-me um pouco, eu cruzei esse banquinho e pedi licença ao meu pai Obaluaiyê para assentar-me no lado sagrado dele. Só assim o peso dos fardos que já carreguei não me incomodará e poderei falar mais à vontade pois, se nos assentamos no lado sagrado das coisas deixamos de sentir os "pesos" do lado profano de nossa vida. O padre romano, de uma inteligência e raciocínio incomum, mais uma vez viu que não estava diante de uma pessoa comum, e sim, diante de um sábio que, ainda que não falasse bem o latim, (a língua falada pelos romanos daquele tempo), no entanto falava coisa que nem os mais sábios dos romanos conheciam. O velho preto, após assentar-se, apoiou a mão esquerda no cabo da sua bengala e com a direita estralou os dedos no ar por quatro vezes, em cruz e aquilo intrigou o padre romano, que perguntou-lhe: - Meu velho preto, porque você estralou os dedos quatro vezes, cruzando o ar? - Meu senhor, eu cruzei o ar, pedindo ao meu pai Obaluaiyê que abrisse uma passagem nele para que minhas palavras cheguem até os seus ouvidos através do lado sagrado dele senão elas não chegarão ao lado sagrado de seu espírito e não entenderás o real significado delas ao revelar-lhe um dos mistérios do meu pai. - Então tudo tem dois lados, meu preto velho? - Tem sim, meu senhor. - Porque você, agora, já sentado e bem acomodado, fala mais baixo que antes, quando estava apoiado sobre sua bengala? - Meu senhor, quando nos assentamos no lado sagrado das coisas, aquietamos nosso espírito e só falamos em voz baixa para não incomodarmos o lado sagrado delas. - Entendo, meu velho. - murmurou o padre romano, curvando-se para melhor ouvir as palavras daquele preto velho. Conte-me o significado do sinal da cruz! E o preto velho começou a falar, falar e falar. E tanto falou sobre o mistério do cruzamento que aquele padre (que era o chefe da igreja de Roma naquele tempo quando os papas ainda não eram chamados de papa) começou a entender o significado sagrado do sinal da cruz e começou a pensar em como adaptá-lo e aplicá-lo aos cristãos de então. Como era um mistério do povo daquele preto, já velho e cansado de tanto carregar fardos de pedras ornamentais alheias, então pôs sua mente arguta e agilíssima para raciocinar. E o padre romano pensou, pensou e pensou! E tanto pensou que criou a lenda dos três reis magos, onde um era negro, em homenagem ao sábio preto velho que, falando-lhe desde seu lado sagrado e interior, havia lhe aberto a existência do lado sagrado das coisas; o da existência de passagens entre esses dois lados, etc. Enquanto ouvia e sua mente pensava, a cada revelação do preto, já velho e cansado, seus olhos enchiam-se de lágrimas e mais e mais ele se achegava chegando um momento em que ele se assentou no solo à frente do preto velho para melhor ouvi-lo, pois não queria perder nenhuma das palavras dele. E aquele padre, que era o chefe de todos os padres romanos, diariamente ouvia por horas e horas o preto velho, e depois que o dispensava, recolhia-se à sua biblioteca e começava a escrever os mistérios que lhe haviam sido revelados. Aos poucos estava reescrevendo o Cristianismo e dando-lhe fundamentos sagrados. - Ele escreveu a lenda dos três reis magos, onde um dos magos era um negro muito sábio. - Ele mudou o formato da cruz em X onde Cristo havia sido crucificado e deu a ela a sua forma atual, que é uma coluna vertical e um travessão horizontal. - Também determinou que em todos os túmulos cristãos deveria haver uma cruz, que é o sinal da passagem de um plano para o outro, segundo aquele preto velho. - "Ele criou a figura de Lázaro, cheio de chagas, para adaptar o orixá da varíola ao Cristianismo. Na verdade, ele criou o sincretismo cristão, e dali em diante muitos outros "padres de todos os padres", uma espécie de "cappo de tutti capos", (os papas) começaram a adaptar os mistérios de muitos povos ao Cristianismo, fundamentando a crença dos muitos seguidores de então da doutrina humanista criado por Jesus. E criaram concílios para oficializá-los e torná-los dogmas. Poderíamos falar de muitos dos mistérios alheios que os padres romanos adaptaram ao Cristianismo. Mas agora, vamos falar somente dos significados do mistério da cruz e dos cruzamentos, ensinados àquele padre por um preto velho. 1º) O ato de fazer o sinal da cruz em si mesmo tem esses significados. a) Abre o nosso lado sagrado ou interior para, ao rezarmos, nos dirigirmos às divindades e a Deus através do lado sagrado ou interno da criação. Essa forma é a da oração silenciosa ou feita em voz baixa. Afinal, quando estamos no lado sagrado e interno dela, não precisamos gritar ou falar alto para sermos ouvidos. Só fala alto ou grita para se fazer ouvir quem se encontra do lado de fora ou profano da criação. Esses são os excluídos ou os que não conhecem os mistérios ocultos da criação e só sabem se dirigir a Deus de forma profana, aos gritos e clamores altíssimos. b) Ao fazermos o sinal da cruz diante das divindades, estamos abrindo o nosso lado sagrado para que não se percam as vibrações divinas que elas nos enviam quando nos aproximamos e ficamos diante delas em postura de respeito e reverência. c) Ao fazermos o sinal da cruz diante de uma situação perigosa ou de algo sobrenatural e terrível, estamos fechando as passagens de acesso ao nosso lado interior, evitando que eles entrem em nós e se instalem em nosso espírito e em nossa vida. d) Ao cruzarmos o ar, ou estamos abrindo uma passagem nele para que, através dela, o nosso lado sagrado envie suas vibrações ao lado sagrado da pessoa à nossa frente, ou ao local que estamos abençoando (cruzando). e) Ao cruzarmos os solo diante dos pés de alguém, estamos abrindo uma passagem para o lado sagrado dela. f) Ao cruzarmos uma pessoa, estamos abrindo uma passagem nela para que seu lado sagrado exteriorize-se diante dela e passe a protegê-la. ) Ao cruzarmos um objeto, estamos abrindo uma passagem para o interior oculto e sagrado dele para que ele, através desse lado seja um portal sagrado que tanto absorverá vibrações negativas como irradiará vibrações positivas. h) Ao cruzarmos o solo de um santuário, estamos abrindo uma passagem para entrarmos nele através do seu lado sagrado e oculto, pois se entrarmos sem cruzá-lo na entrada, estaremos entrando nele pelo seu lado profano e exterior. i) Ao cruzarmos algo (uma pessoa, o solo, o ar, etc.) devemos dizer estas palavras: - Eu saúdo o seu alto, o seu embaixo, a sua direita e a sua esquerda e peço-lhe em nome do meu pai Obaluaiyê que abra o seu lado sagrado para mim. Outras coisas aquele ex-escravo dos romanos de então ensinou àquele padre de todos os padres, que era altivo e empertigado, mas que gostava de sentar-se no solo diante daquele sábio preto, já velho e muito cansado. Era um tempo que os políticos politiqueiros romanos estavam de olho no numeroso grupo de seguidores do Cristianismo e se esmeravam em conceder aos seus bispos e pastores, (digo padres) certas vantagens em troca dos votos deles que os elegeriam. Também era um tempo em que era moda aqueles bispos e pastores (digo padres), colocarem nos púlpitos pessoas que davam fortes testemunhos, ainda que falsos ou inventados na hora para enganar os trouxas já existentes naquele tempo em Roma, tanto na plebe como nas classes mais abastadas. E olhem que havia muitos patriciosinhos e patricinhas (digo, patrícios e patrícias) com grande peso na consciência que acreditavam no 171 (digo discursos) daqueles ávidos padres romanos, que prometiam-lhes um lugar no paraíso assim que se convertessem ao Cristianismo! Mas os padres daquele tempo pensavam em tudo e espalharam que quem fizesse grandes doações à igreja seria recompensado com uma ampla e luxuosa morada, um palacete mesmo, no céu e bem próximo, quase vizinho de onde Jesus vivia. A coisa estava indo bem mas, havia espaço para melhorar mais ainda a situação da igreja romana daquele tempos e alguns padres, versados no grego, se apossaram do termo "católico" que significava "universal" e universalizaram suas praticas de mercadores da fé. Como estavam se apossando de mistérios alheios um atrás do outro e começaram a ser chamados de plagiadores, então fizeram um acordo com um imperador muito esperto mas, que estava com seus cofres desfalcados, à beira da bancarrota (digo, deposição), acordo esse que consistia em acabar com as outras religiões. No acordo, o imperador ficava com os bens delas (tesouros acumulados em séculos, propriedades agrárias e imóveis bem localizados) e os padres de então ficariam com todos os que se convertessem e começassem a pagar um dízimo estipulado por eles. O acordo era vantajoso para ambos os lados envolvidos e aqueles padres de então, para provar ao imperador suas boas intenções, até o elegeram chefe geral da quadrilha (digo, hierarquia), criada recentemente por eles, desde que editasse um decreto sacramentando a questão dos dízimos cobrados por eles. Outra exigência daqueles pastores (digo padres) de então foi a de estarem isentos na declaração dos bens das suas igrejas. Também exigiram primazia na concessão de arautos (as televisões de então) pois sabiam que estariam com uma vantagem imensa em relação aos seus concorrentes religiosos de então. O imperador começou a achar que o acordo não era tão vantajoso como havia parecido no começo mas, os pastores (digo, os padres) daquele época, começaram a fazer a cabeça da esposa dele, que era uma tremenda de uma putana (digo, dama da alta sociedade), que estava se dando muito bem na sua nova religião, pois aquele padres haviam criado um tal de confessionário que caíra como uma luva para ela e outras fornicadoras insaciáveis (digo, damas ilustres) que pecavam a semana toda mas no domingo, logo cedo, iam se confessar com um padre que elas não viam o rosto, mas que era bem condescendente pois as perdoavam em troca delas rezarem umas orações curtas, fáceis de serem decoradas. No domingo ajeitavam a consciência e na segunda, já perdoadas, voltavam com a corda toda às suas estripulias intramuros palacianos. O acordo foi selado e sacramentado, e aí foi um salve-se quem puder no seio das outras religiões. E não foram poucos os que rapidinho renunciaram à antiga forma de professar suas fezes (digo, fé, no singular, mesmo!) pois viram como a grana corria à solta para as mãos (digo, cofres) daqueles padres de então, pois eles eram muito criativos e a cada dia tinham um culto específico para cada algum dos males universais, comuns a todos os povos, épocas e pessoas. Aqueles pastores (digo, padres) de então estavam com "tudo": A grana que arrecadavam, parte reinvestiam criando novos pontos de arrecadação (digo, novas igrejas) e parte usavam em benefício próprio, comprando mansões e carrões (digo, carruagens) que exibiam com ares de triunfo, alegando que era a sua conversão ao Cristianismo que havia tornando-os prósperos e bem sucedidos na vida. Eles criaram uma tal de teologia da prosperidade para justificar seus enriquecimentos rápidos e à custa da exploração da ingenuidade dos seus seguidores de então, que davam-lhes dízimos e mais dízimos e ainda sorriam felizes com suas novas fezes (digo, fé no singular). Tudo isso aconteceu no curto espaço de uns vinte e poucos anos e começou depois da segunda metade do século IV d.C. Por incrível que pareça, aquele preto velho, muito cansado de tanto carregar sacos de pedras alheias, viveu tempo suficiente para ver tudo isso acontecer. E tudo o que aquele padre de todos os padres havia lhe dito que faria com tudo o que tinha aprendido com ele, aconteceu ao contrário. O tal pastor (digo, padre), já auto-eleito bispo, usou o que havia aprendido com o preto, mas segundo seus interesses de então, (digo, daquela época). Batizava com uma caríssima água trazida direto do rio Jordão (mas que seus asseclas colhiam na calada da noite das torneiras da Sabesp, digo, das bicas da adutora pública). Vendiam um tal de óleo santo feito de azeitonas colhidas dos pés de oliva existentes no Monte das Oliveiras (mas um assecla foi visto vendendo a um "reciclador" barricas de um óleo que, de azeitonas, só tinha o cheiro). E isso, sem falas nas réplicas miniaturizadas da arca da aliança feitas de papiro; nas réplicas das trombetas de Jericó; num tal de sal grosso vindo direto do Mar Morto, mas que algumas testemunhas ocultas juraram que era sal grosso de um fabricante de sal para churrasco. Foram tantas as coisas que aquele velho preto cansado e curvado havia ensinado àquele jovem e empertigado pastor (digo, padre) e que ele não só não usou em benefício dos outros, como os usou em benefício próprio, que o preto já velho, muito velho falou para si mesmo: "Me perdoa, meu pai Obaluaiyê, mas eu não revelei àquele padre (digo, pastor, isto é, àquele bispo) o que acontece com quem inverte os seus mistérios ou os usa em benefício próprio: que eles, ao desencarnarem, têm seus espíritos transformados em horrendas cobras negras!" Obaluaiyê, ao ouvir o último lamento daquele preto, velho e curvado de tanto carregar sacos de pedras alheias, e cansado e desiludido por ensinar o bem e ver seus ouvintes inverterem tudo o que ouviam em benefício próprio, acolheu em seus braços o espírito curvado dele, endireitou-o, acariciou-lhe o rosto e falou-lhe bem baixinho no ouvido: "Meu filho, alegre-se pois ele só andará na terra o tempo necessário para tirar dos cultos dos orixás os que não aprenderam a curvar-se diante dos senhores dos Mistérios mas que acham-se no direito de se servirem deles. Mas, assim que ele fizer isso, deixará essa terra e voltará a rastejar nas sombras das trevas mais profundas, que é de onde ele veio para recolher de volta para elas os espíritos que Jesus trouxe consigo após sua descida às trevas. Bem que eu alertei o jovem e amoroso Jesus sobre o perigo de usar do meu Mistério da cruz para abrir passagens nas trevas humanas! Afinal, quem abre passagens nas trevas com meu mistério da cruz, liberta o que nele existe, não é mesmo, meu velho e sábio preto? "É sim, meu divino pai Obaluaiyê!" disse o preto velho.

Por Rubens Saraceni