quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ser médium é


Ser dono de suas obrigações e de suas responsabilidades.
É dividir com o próximo o dom que se manifesta em você de forma natural.
É fazer pelo próximo muitas vezes aquilo que você não consegue fazer por si mesmo.
É ser alívio para as horas de dor.
É ser amparo para os desesperados.
É ser caminho para os perdidos.
È ser telhado para os desabrigados.
É ser luz no meio das trevas.
É ser trevas em busca de luz.
É ser único no meio da multidão.
É ser multidão em busca do Um.
É perder para ganhar.
É ganhar para perder.
É sorrir com vontade de chorar.
É chorar sorrindo.
É gritar no meio do silêncio
É fazer silêncio gritando.
É ser espinho a procura de uma rosa.
É ser uma rosa sem espinho.
É pedir ajuda ajudando o próximo
É pedir ajuda sem ser ajudado pelo próximo.
É ser o próximo sem ser ajudado por ninguém
É ser ninguém no meio da dor, da raiva e do ódio
É ser ninguém pelo trabalho de alguém
E mesmo sendo ninguém é fazer parte da criação, se portando como um bem divino que mesmo não tendo nada, que mesmo não sentindo nada, que mesmo não pedindo nada, que mesmo não ganhando nada, ainda pede pelo próximo
Ainda sente pelo próximo e nada ganha pelo próximo
Sendo tudo isso, nada sou
Nada sinto e nada tenho pois me chamo médium.
Vivo com a cabeça na luz e os pés nas trevas
Sou fruto do meio e a ele não temo, sou semente do Criador e a Ele amo e respeito pela vida e na vida daquele que eu chamo de Senhor do meu destino.

Amém



Minha Tronqueira tem axé, tem vontade e tem vida, tem Exú e Pombagira para guardar e proteger. Também tem Exú Mirim para aprontar e desenrolar.
Minha tronqueira tem axé, tem vela tem marafo, tem dendê e aguardente.
Minha tronqueira tem axé, sem porta e sem janela, dizem que alguém ta procurando, morador pra morar nela.
Minha tronqueira tem Guardião, que guarda de noite e protege de dia e quem guarda e protege também eu chamo de vigia.
Minha tronqueira tem axé, não tem nome e não tem foto, tem o nome que ela guarda e o meu corpo que ela cobre.
Minha tronqueira tem axé, tem caldeirão e alçapão, tem escada, tem ponteira é morada de Porteira.
Minha tronqueira tem axé, tem abismo e escuridão é passagem pra quem desce e alivio pra quem sobe.
Minha tronqueira tem axé, tem relógio tem sino, quando da a meia noite é sinal que ta abrindo.
Minha tronqueira tem axé, tem chicote tem espada, tem punhal e bracelete, tem capuz e tem mortalha, tem arma pra combater, uns dizem pra bater outros para aprender.
Minha tronqueira tem axé, tem chave e cadeado, tem ferradura tem bigorna, onde o aço forja, corta e trinca.
Minha tronqueira tem axé, tem Caveira tem Porteira, tem Capa e Tranca Ruas, tem Padilha e Rosa Negra.
Minha tronqueira tem axé, tem suor e tem lágrima, suor de quem trabalha e lágrima de quem não escapa.
Minha tronqueira tem axé, tem hora de apanhar e tem hora de bater, batendo ou apanhando tem Exú a me valer.
Minha tronqueira tem axé, tem Curador pra me curar e Exu do Ouro para prosperar.
Minha tronqueira tem axé, tem pimenta malagueta, tem fogo tem fogueira, tem brasa tem braseiro.
Minha tronqueira tem axé, não tem corte, mas tem morte, mata de mansinho bem devagarzinho, mata o vicio e as trevas que habitam o caminho.
Minha tronqueira tem axé, tem entrada tem saída, tem salve e saravá e por aqui eu vou ficar.

Pai Jorge Scritori

Coração de Exu


Coração de Exu, é coração grande , forte e livre,
Que bate sem parar, seguindo o ritmo da vida Universal,
e do som Primordial, de Eternidade a Eternidade;
Coração de Exu é coroado de lágrimas e sorrisos,
Silêncios e amplidões inesperados e insuspeitos,
É coberto por feridas e cicatrizes
Quer desenham uma misteriosa mandala Cósmica,
Fina tapeçaria rubro- negra, cheia de símblos e significados;
Coração de Exu bombeia prana, sangue, mel e dendê,
Bombeia vitalidade, seiva e sêmen de Olorum,
Zambi, Allah, Brahma...;
Coração de Exu bate sem parar, sem reparar, sem separar,
Coração de Exu anima o avatar anônimo e popular,
Casto e devasso, manso e frenético,
Leal e obediente somente com a própria consciência Divina e
à Lei que emana naturalmente dela;
Coração de Exu não infarta, se farta!
Coaração de Exu é expressão da vida,
Ouça com calma e discernimento seu batimento,
Compreenda com paz e alegria seu infinito pulsar.
**Mensagem ditada pelo Sr. Exu Marabô ao medium Vanderlei Alves (22/07/2010)

Festa de Ibejada

-Uau ... que lindo! Veja quanto balão colorido... E quantos amiguinhos tem aqui!!!

Os olhos da menina brilhavam ao entrar naquele ambiente onde fora conduzida durante o coma, por seu amigo protetor. Enquanto seu corpo inerte sobre o leito hospitalar, acoplado a vários aparelhos, mantinha uma vida quase artificial, em corpo espiritual foi retirada daquele ambiente triste, para que pudesse receber auxilio junto a um terreiro de Umbanda onde se realizava uma festa de Ibejada.

- Tio, quero aquele balão... me dá um pirulito? Posso tomar guaraná?

Milena, ali naquele local não aparentava mais a menina depressiva e triste que há varios dias adoecera e simplesmente desistiu de querer viver, por isso entrou em inanição chegando ao coma. Cansada de maus tratos pela mãe adotiva e sem ter a quem se socorrer, resolveu que queria morrer quando ainda não tinha seis anos de idade.

Agora Milena, entre as crianças encarnadas que se aglomeravam em meio aos ibejis e todos aqueles doces e refrigerantes, sorria feliz. Estando em corpo espiritual, não podia ser vista pelos encarnados, porém ela percebia nitidamente, não só os mediuns que recebiam os espiritos chamados ibejis, como também os próprios espiritos acoplados a estes. Depois do primeiro instante de fascinação, a menina passou a observar cada um daqueles "amiguinhos" que se diferenciavam pela luz e beleza.

-Que menina linda vem nos visitar - falava Mariazinha, receptiva e sorridente.

- Oi, quem é você?

- Me chamo Mariazinha e gostaria de te ajudar. Me contaram que anda tristinha... querendo morrer.

- É... foi o tio que te contou?

- Também...

-Ah, amiguinha... agora eu não estou mais triste pois o tio me trouxe aqui onde tem muitas crianças, doces e todos esses balões... tem até bolo de aniversário. Eu nunca ganhei um, sabia?

-Hum, então vou te servir um pedaço desse bolo gostoso que tem o poder de devolver a alegria e o doce a todos os corações tristes e amargurados.

Milena se deliciava com o bolo (cópia energética existente no plano material) o que a levou a adormecer em corpo astral e, ali mesmo, no ambiente espiritual do terreiro, em departamento específico para esses tratamentos, foi levada a relembrar através de seu mental de vida pretérita onde plantou essa colheita dolorosa, bem como de seu comprometimento antes da atual reencarnação. Isso era possibilitado pelo fato de estar ali, naquele corpinho infantil, um velho espirito endividado com as Leis.
Antiga freira, responsavel por orfanato que colhia orfãos, usou de sua autoridade e amargura para maltratar e por vezes escravizar crianças que era a ela destinada pela igreja.

De maneira amorosa, aquele espirito que se fazia tambem infantil durante a Ibeijada, juntamente com o "tio" protetor de Milena - agora a faziam relembrar bem como imantavam a nivel cerebral essa lembrança que serviria para que, quando acordasse no corpo fisico e pela necessidade de ressarcir dividas contraídas, sentisse mais alegria e vontade de viver, prosseguindo sua jornadaencarnatoria tão necessaria para reajuste daquele espirito.

Enquanto a festa no terreiro prosseguia alegre, com os Ibejis curando e brincando com a meninada, Milena foi levada de volta ao seu corpo fisico. Muitas coisas agora se diferenciavam a nivel mental, amocional e energetico que seriam repassadas ao seu corpo fisico bastante debilitado. No dia seguinte, ao amanhecer as enfermeiras constataram que Milena recuperava seus sinais vitais, não necessitando mais ficar ligada aos aparelhos, para em breve já se alimentar e sorrir.

Sua saída do hospital era aguardada por uma "tia" do Conselho Tutelar que a levaria até um abrigo infantil. Sua mãe perdera a guarda da menina. De agora em diante, sua rotina seria assim, alternado-se entre algumas tentativas de adoção e sua volta aos abrigos, até que na adolescencia um casal estrangeiro lhe possibilitaria a chance de ter um lar e se profissionalizar.