terça-feira, 7 de junho de 2011

Paz Profunda

Havia um Rei que ofereceu um grande prêmio ao artista que fosse capaz de captar em uma pintura a Paz Profunda.

Muitos artistas apresentaram suas telas.

O Rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele realmente gostou e teve de escolher entre ambas.

A primeira era um lago muito tranqüilo. Este lago era um espelho perfeito onde se refletiam plácidas montanhas que o rodeavam. Sobre elas encontrava-se um Paraíso muito azul com tênues nuvens brancas.

Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ela refletia a Paz Profunda.

A segunda pintura também tinha montanhas. Mas estas eram escabrosas e estavam despidas de vegetação. Sobre elas havia um Paraíso tempestuoso do qual se precipitava um forte aguaceiro com relâmpagos e trovões. Montanha abaixo parecia retumbar uma espumosa torrente de água. Tudo isto se revelava nada pacífico.

Mas, quando o Rei observou mais atentamente, reparou que atrás da cascata havia um arbusto crescendo de uma fenda na rocha. Neste arbusto encontrava-se um ninho. Ali, em meio ao ruído da violenta turbulência da água, estava um passarinho placidamente sentado no seu ninho... Em Profunda Paz!

O Rei escolheu a segunda tela e explicou: — PAZ PROFUNDA não significa estar em um lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo para realizar ou livre das dores e das tentações da encarnação. PAZ PROFUNDA significa que, apesar de se estar em meio a tudo isso, permanecemos calmos e confiantes no SANTUÁRIO SAGRADO do NOSSO CORAÇÃO. Lá encontraremos a Verdadeira PAZ PROFUNDA.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Prece poema à "Pai Benedito de Aruanda"


Meu bondoso Preto-Velho!


Aqui estou de joelhos, agradecido contrito, aguardando sua benção.

Quantas vezes com a alma ferida, com o coração irado, com a mente entorpecida pela dor da injustiça eu clamava por vingança, e Tu, oculto lá no fundo do meu Eu, com bondade compassiva me sussurravas ESPERANÇA.

Quantas vezes desejei romper com a humanidade, enfrentar o mal com maldade, olho por olho, dente por dente, e Tu, escondido em minha mente, me dizias simplesmente:

“ Sei que fere o coração a maldade e a traição, mas, responder com ofensas, não lhe trará a solução. Pára, pensa, medita e ofereça-lhe o perdão. Eu também sofri bastante, eu também fui humilhado, eu também me revoltei, também fui injustiçado.


Das savanas africanas, moço, forte, livre, num instante transformado em escravo acorrentado, nenhuma oportunidade eu tive. Uma revolta crescente me envolvia intensamente, por que algo me dizia, que eu nunca mais veria minha Aruanda de então, não ouviria a passarada, o bramir dos elefantes, o rugido do leão, minha raça de gigantes que tanto orgulho tivera, jazia despedaçada, nua, fria, acorrentada num infecto porão.

Um ódio intenso o meu peito atormentava, por que OIÀ não mandava uma grande tempestade? Que Xangô com seus raios partisse aquela nave amaldiçoada, que matasse aquela gente, que tão cruel se mostrara, que até minha pobre mãezinha, tão frágil, já tão velhinha, por maldade acorrentara. E Iemanjá, onde estava que nossa desgraça não via, nossa dor não sentia, o seu peito não sangrava? Seus ouvidos não ouviam a súplica que eu lhe fazia? Se Iemanjá ordenasse, o mar se abriria, as ondas nos envolveriam; ao meu povo ela daria a desejada esperança, e aos que nos escravizavam, a necessária vingança.


Porém, nada aconteceu, minha mãezinha não resistiu e morreu; seu corpo ao mar foi lançado, o meu povo amedrontado, no mercado foi vendido, uns pra cá, outros pra lá e, como gado, com ferro em brasa marcado.


Onde é que estava Ogum? Que aquela gente não vencia, onde estavam as suas armas, as suas lanças de guerra? Porém, nada acontecia, e a toda parte que olha, somente um coisa via... terra.


Terra que sempre exigia mais de nossos corpos suados, de nossos corpos cansados.


Era a senzala, era o tronco, o gato de sete rabos que nos arrancava o couro, era a lida, era a colheita que para nós era estafa, para o senhor era ouro.


Quantas vezes, depois que o sol se escondia, lá no fundo da senzala, com os mais velhos aprendia, que no nosso destino no fim não seria sempre assim, quantas vezes me disseram que Zambi olhava por mim.


Bem me lembro uma manhã, que o rancor era grande, vi sair da casa grande, a filha do meu patrão. Ingênua, desprotegida, meu pensamento voou: eis a hora da vingança, vou matar essa criança, vou vingar a minha gente, e se por isso morrer, sei que vou morrer contente.


E a pequena caminhava alegre, despreocupada, vinha em minha direção, como a fera aguarda a caça, eu esperava ansioso, minha hora era chegada. Eu trazia as mãos suadas, nesse momento odioso, meu coração disparava, vi o tronco, vi o chicote, vi meu povo sofrendo, apodrecendo, morrendo e nada mais vi então. Correndo como um possesso, agarrei-a por um braço e levantei-a do chão.


Porém, para minha surpresa, mal eu ergui a menina, uma serpente ferina, como se ora o próprio vento, fere o espaço, errando, por minha causa, o seu bote foi tão fatal, tudo ocorreu tão de repente, tudo foi de forma tal, que ali parado eu ficara, olhando a serpente que sumia no matagal.


Depois, com a criança em meus braços, olhei meus punhos de aço que a deviam matar... olhei seus lindos olhinhos que insistiam em me fitar. Fez-me um gesto de carinho, eu estava emocionado, não sabia o que falar, não sabia o que pensar.


Meus pensamentos estavam numa grande confusão, vi a corrente, o tronco, as minhas mãos que vingavam, vi o chicote, a serpente errando o bote... senti um aperto no coração, as minhas mãos calejadas pelo machado, pela enxada, minhas mãos não matariam, não haveria vingança, pois meu Deus não permitira que morresse essa criança.


Assim o tempo passou, de rapaz forte de antes, bem pouca coisa restou, até que um dia chegou e Benedito acabou...


Mas, do outro lado da morte eu encontrei nova vida, mais longa, muito mais forte, mais de amor e de perdão, os sofrimentos de outrora já não importam agora, por que nada foi em vão...

Fomos mártires nessa vida, desta Umbanda tão querida, religião do coração, da paz, do amor, do perdão”.



Por Pai Ronaldo Linhares

Escolha de um sacerdote

Certo dia, num terreiro, com a morte de um sacerdote, foi preciso encontrar um substituto. Outro sacerdote convocou, então, todos os filhos para descobrir quem seria.
Com muita tranquilidade, falou:

- Assumirá o posto o filho que conseguir resolver primeiro o problema que eu vou apresentar.

Então ele colocou uma mesinha no centro do terreiro, pôs um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo.
E disse apenas:
- Aqui está o problema!

Todos ficaram olhando a cena: um vaso belíssimo, de valor inestimável, com uma maravilhosa flor no centro! O que fazer? Qual o enigma?
Nesse instante, um dos filhos sacou uma espada da Lei, olhou o sacerdote, e os irmãos, dirigiu-se ao centro do terreiro e ... ZAPT! Destruiu tudo, com um só golpe.
Tão logo o irmão retornou ao seu lugar, o sacerdote disse:

- Você é o novo sacerdote.

E explicou: Não importa que o problema seja algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado.

Um problema é um problema, mesmo que se trate de uma mulher ou, um homem maravilhoso ou um grande amor que se acabou. Por mais lindo que seja ou tenha sido, se não existir mais sentido para ele em sua vida, deve ser suprimido.

Muitas pessoas carregam a vida inteira o peso de coisas que foram importantes no passado, mas que hoje somente ocupam espaço, um lugar indispensável para continuar a vida.

O povo do Oriente diz: " Para você beber vinho numa taça cheia de chá, é necessário primeiro jogar fora o chá para, então, beber o vinho."

Ou seja limpe sua vida, comece pelas gavetas, armários até chegar às pessoas do passado que não fazem mais sentido estar ocupando espaço em sua mente. Vai ficar mais fácil ser feliz.

Rosa Caveira

Ela viveu aproximadamente á 2.300 anos antes de Cristo, na região da Mongólia, os seus pais eram agricultores e tinham muita terra. Ela era uma das 7 filhas do casal, sendo que seu nascimento, deu-se na primavera e a mãe dela tinha um jardim muito grande de rosas vermelhas e amarelas, que rodeava toda sua casa.

E foi nesse jardim, onde ocorreu seu parto. Seus pais além de serem agricultores, também eram feiticeiros, mas só praticavam o bem para aqueles que os procuravam, e sua mãe tinha muita fé em um cruzeiro que existia atrás de sua casa no meio do jardim, onde seus parentes eram enterrados.

No parto da Rosa Caveira, a mãe estava com problemas, e dificultava o nascimento da mesma e estava perdendo muito sangue, podendo até morrer no parto. Foi quando a avó da Rosa Caveira que já havia falecido há muito tempo, e estava sepultada naquele cemitério atrás de sua casa, vendo o sofrimento de sua filha, veio espiritualmente ajuda-la no parto, sendo que sua mãe com muita dificuldade e a ajuda de sua avó (falecida), conseguiu dar a luz a Rosa Caveira, e como prova de seu Amor a neta, sua avó, colocou em sua volta, várias Rosas Amarelas e pediu a sua filha que a batiza-se com o nome de ROSA CAVEIRA, pelo fato dela ter nascido em um jardim repleto de Rosas e encima de um Campo Santo (cemitério), e também por causa da aparência Astral de sua mãe (avó), que aparentava uma Caveira.

E em agradecimento a ajuda da mesma, ela colocou uma Rosa Amarela em seu peito e segurando a mão de sua mãe, a batizou com o nome de ROSA CAVEIRA DO CRUZEIRO, conhecida com o nome popular de Rosa Caveira.

Ela cresceu com as irmãs, mas sempre foi tratada de modo diferente pela suas irmãs, sempre quando chegava a data de seu aniversario sua avó ia visitá-la (espiritualmente), e por causa destas visitas e carinho que seus pais tinham a ela, suas irmãs começaram a ficar com ciúmes e começaram a maltratar a Rosa, debochar dela, chamar ela de amaldiçoada pois havia nascido encima de um Campo Santo e seu parto feito por uma morta, de caveira dos infernos, etc. E a cada dia que se passava, Rosa ficava com mais raiva de suas irmãs.

Então ela pediu para seus pais, que ensinasse a trabalhar com magia, mas não para fazer maldade, mas sim para sua própria defesa, e ajuda de pessoas que por ventura a fosse procurar. Sua avó vinha sempre lhe dizer que ela precisaria se cuidar, pois coisas muito graves estariam para acontecer.

Seu pai muito atencioso a ensinou tudo o que ela poderia apreender, e também ensinou-a a manejar espadas, lanças, punhais, ou seja, armas em geral. Sua mãe lhe ensinou tudo o que poderia ser feito com ervas, porções, perfumes, e principalmente o que se poderia fazer em um Cruzeiro.

Foi ai que suas irmãs ficaram com mais raiva ainda, pois ela estava sendo preparada para ser uma grande Feiticeira, e sendo ajudada por seus Pais e sua Avó, e zombava mais ainda dela, chamando-a de mulher misturada com homem e demônio, uma aberração da natureza, não por causa de sua aparência, pois ela era linda, mas sim por vir ao mundo nas mãos de uma Caveira (sua avó), e ter nascido encima de um cemitério.

Suas irmãs se casaram com agricultores da região, porém uma de suas irmãs (a mais velha), se aperfeiçoou em Magia Negra, e por vingança do carinho e a presteza que seus Pais davam a Rosa e não a elas, não porque seus pais gostavam mais dela, pois eles tinham amor igual a todas, mas Rosa demonstrava mais interesse do que as outras, ela fez um feitiço que matou seus pais.

A Rosa com muita raiva, matou sua irmã e seu marido. As outras irmãs com medo dela, juraram lealdade a ela e nunca mais zombaram dela.Aos 19 anos ela saiu ao mundo querendo descobrir algo novo em sua vida, foi quando ela conheceu um homem (Mago) que tinha 77 anos, e juntos com seus 4 irmãos, ele foi ensinando a ela varias magias e feitiços, tudo sobre a vingança, o ódio, a dor, pois esse homem era o Mago mais odiado e temido da redondeza pelos Senhores Feudais e Magos Negros. Vivia em um cemitério com seus 4 irmãos e discípulos.

Ela aprendeu a ver o futuro e fazer várias Magias de um modo diferente, sempre usava um crânio tanto humano como de animal e em sua boca colocava uma rosa amarela, foi quando em uma de suas visões, viu suas irmãs planejarem sua morte. Ela por sua vez muito esperta, fez uma Magia, que matou todas suas irmãs. Após fazer isso ela voltou a companhia do mago, e com sua ajuda percorreu várias aldeias, causando guerras para fazer justiça e para livrar os povos dos Senhores Feudais, e também livrar esses povos de encantos de Magos Negros e Feiticeiros Malignos, e por causa disso ela era muito venerada, adorada e respeita por todos. Aos 99 anos, seu amado e seu mestre, morreu e ela assumiu seu lugar junto com o irmão mais velho do mago.

Aos 77 anos ela foi traída por um dos irmãos do mago falecido, o terceiro irmão, que a entregou a um mago que estava a sua procura, este Mago era um dos mais temidos e perversos e que sabia o ponto fraco dela.

Com a ajuda desse irmão, esse Mago a matou, e degolou a Rosa e entregou sua cabeça em uma bandeja de ouro rodeada de rosas vermelhas, para os Espíritos dos Magos Negros. Após isso ela ficou aprisionada espiritualmente por esse mago até ser liberta pelo seu amado e mestre o mago falecido, que entregou a falange do Exu Caveira.

O irmão do mago que a traiu, foi morto 3 anos depois pela própria Rosa, que deu sua alma de presente a seu Amado e Mestre, se tornando assim seu escravo.Foi ai que ela começou a trabalhar na linha das almas e ficou conhecida como Rosa Caveira (Pomba-Gira Guerreira e Justiceira), pois em sua apresentação astral ela vem em forma de mulher ou caveira, ou meio a meio sempre com uma Rosa amarela em suas mãos e uma caveira aos seus pés, caveira esta que representa, todos seus inimigos que cruzam seu caminho.

Vovó Maria Conga disse...



PERGUNTA: - Diante da "complexidade" do tema ao espiritualista menos familiarizado com o esoterismo umbandista, pedimos o vosso comentário sobre o que efetivamente sejam os orixás.

MARIA CONGA: - Tentaremos ser o mais direta e simples possível, utilizando exemplos aos menos chegados ao esoterismo umbandista, facilitando o entendimento ao maior número de filhos.
Existem planos vibratórios que estão paralelos em densidade e freqüência, mas interpostos uns aos outros. Quando um recém-desencarnado que foi socorrido desperta em um hospital espiritual do Plano Astral, ele se encontra num entreposto transitório, intermediário entre duas dimensões de vida diferentes. Essas estruturas energéticas são "construídas" por seres espirituais de alta estirpe, que elaboram formas mentais e as plasmam com o pensamento no éter que a todos envolve. Desse hospital, passará para a dimensão correspondente ao seu nível energético e padrão vibracional do corpo astral.

Há os que continuam perambulando no que os filhos denominam de Umbral, que poderemos chamar de Astral Inferior, uma região muito "pesada" e que reflete o estado íntimo de cada criatura que por ali se encontra.
Tudo é exteriorizado das mentes afins, com formas de cavernas escuras, abismos intermináveis, favelas e cidades medievais perdidas no tempo. O que regula a manifestação de todos esses espíritos nas formas plasmadas, do físico ao plano dimensional mais rarefeito que os filhos possam conceber, são os orixás, verdadeiras vibrações cósmicas provindas do hálito de Deus. Quando um espírito elevado plasma, com sua força mental, um hospital no Astral, essa formação energética se mantém indefinidamente pelas leis reguladoras dos orixás. Os espíritos não precisam ficar o tempo todo mentalizando para manter a forma requerida.
Assim é no Universo infinito, onde essas posições vibradas, ou orixás, se fazem presentes em todos os planos em que a vida espiritual se viabiliza pela manifestação nas formas. Os orixás não encarnam e são princípios vibratórios regentes no Cosmo.

PERGUNTA: - Se os orixás são vibrações cósmicas reguladoras da manifestação dos espíritos na forma, por que há tanto folclore, imagens e orixás se fazendo "ver" no mediunismo umbandista? Os homens não se excederam no fetichismo e não personificaram em demasia.

VOVÓ MARIA CONGA: - Sem dúvida! Os homens necessitam de apoios visíveis e que possam tocar em seus sentidos físicos, para acreditarem e terem fé. Infelizmente, quando um "Ogum" rodopia na entrada de um terreiro com espada de São Jorge na mão, um "Xangô" cai ao chão em urros batendo com a cabeça ou "Oxossi" se personifica em um médium vestido de índio em espécie de transe anímico e folclórico, entristecemo-nos por todos esses exageros. Respeitamos a consciência e a necessidade espiritual de cada cidadão, mas não podemos estar de acordo com os disparates de alguns "umbandistas" que transformam as giras e os terreiros em verdadeiros espetáculos circenses, onde as apoteoses chegam a ser mais importantes que qualquer outro trabalho de caridade. A discrição, a humildade e a simplicidade dos verdadeiros guias e protetores das vibrações dos orixás da Umbanda Sagrada aceitam e respeitam as imagens que materializam a fé ausente, muito em decorrência do sincretismo religioso e pouco dos ensinamentos umbandistas, mas abominam os exageros em que alguns homens incorrem pela vaidade desmesurada que os move.

PERGUNTA: - E o que são esses vários santos do catolicismo considerados Orixás?

VOVÓ MARIA CONGA: - Não são orixás, pois esses "santos" são espíritos de homens, assim como os filhos, nada mais. Muitos já reencarnaram e outros estão a dar consultas anonimamente em humildes casas de Umbanda ou a orientar, por intermédio da psicografia, em mesas kardecistas.
Permanece o sincretismo como maneira de identificação do santo de fé para aqueles doentes da alma e desesperados que chegam às multidões nas portas dos terreiros e templos umbandistas, que ao se depararem com essas imagens se sentem carinhosamente acolhidos pelos "céus". Além do mais, as imagens desses santos nos congás se tornam importantes pontos de catalisação para a magia astral, pois ficam imantados de fluidos benfazejos, sendo instrumentos de recepção das emanações mentais de fé, adoração, respeito e amor espargidas e direcionadas pelos consulentes, servindo essas formas mentais para criação de egrégora elevada, fortalecendo a corrente mediúnica e a manifestação dos pretos velhos e caboclos.

"Trechos retirados do Livro Ramatis e Vovó Maria Conga - Evolução no Planeta Azul."

A história do velho Meji

“Quando a alma queima de amor e
o ser eleva-se além das estrelas;
Quando o espírito liberta-se da ilusão
e os olhos contemplam a Unidade;
Quando o eu desaparece no
turbilhão do divino;
Finalmente o toque da Luz...”

Era tarde, o céu já estava tingindo com a cor que antecede o anoitecer. O Sol, tímido, escondia-se na linha do hori­zon­te. A tudo eu contemplava, pensan­do no milagre da natureza. Logo chega­ria a noite e a luz das estrelas beijaria a face da terra. Romance que acontece des­de o prelúdio dos tempos e que inspira os amantes com sua beleza. Sim, aqueles olhos terrenos tão cansados, mas que no meio das tristezas, aprendeu a ver a verdade do milagre...

De repente uma pontada no peito. Coração de nêgo já não era forte para a matéria, estava cansado de trabalhar. Mas para o espírito, era ele a grande riqueza. Lá estavam as cicatrizes que nos fazem co­rajosos como o jasmim. Os tesouros do amor e da amizade, as belezas da vida. Coração, tão maltratado pela humani­dade. Coração, altar da imortalidade...
A vida passa rápido. Naquele instan­te, como um raio que corta o firmamen­to. Toda ela, dançando a frente dos meus olhos. Senti saudade dos sorrisos. Das lágrimas o calor. E assim, entre o choro e a alegria, o espírito desabrochou...

O corpo tombou, sedento por voltar a terra...
O espírito voou, como um pássaro celeste...
Homens e mulheres choraram a ilusão da morte...
Mas a natureza, essa cantou a melodia da vida...

Minha alma tocava o céu em êxtase. A existência descortinava-se para mim, pois agora o grilhão do corpo estava rompido. E a morte, o mergulho do corpo em direção a Mãe Terra, estava longe. Na consciência tudo vive...

E eu vivia! A chama da vida ardia em meu peito espiritual como nunca. E nes­se contentamento, nessa bem-aventurança incrível, dancei. Dancei e rodei como tantas vezes fiz. A sagrada dança dos Orixás, gestos que simbolizam as forças da Criação...

E tanto dancei, que me esqueci do velho negro Meji. Esqueci de tudo inclusi­ve. Simplesmente esqueci...

E nesse esquecimento alguém disse:

“Aquele que busca a Luz, que morra mesmo depois de morrer...”
E foi ali, perdido no vazio, esquecido, que a gota de orvalho finalmente voltou ao oceano.

Ah, o Orun! A terra querida dos Orixás...
Tanto busquei Iansã nos raios, mas neles encontrei apenas o seu olhar...
Oxalá nas nuvens, mas nelas apenas o seu semblante...
Iemanjá em cada gota d’ água, e o que encontrei foi uma pequena pérola de seu colar...

Finalmente, na morte depois da morte, a eles eu realmente me devotei. Girando em volta do axé plantado no meu coração. Dançando de frente para o verdadeiro congá. Apenas aqui eu realmente os encontrei. Aqui eles sempre estiveram. O coração é o maior ilê, o maior dos congás. Não existe mistério maior que esse. Não pode existir. Mas, mesmo que você saiba disso, só morrendo para entender...

- “ Meji, quem é você? Um negro escravo? Um velho sacerdote? _ a voz da Existência lhe perguntou.

- Meji? Sacerdote? Negro? Não. Essa não é a verdadeira natureza do EU...

- Mas então QUEM É VOCÊ?”
E nada mais se sabe a respeito do velho Meji. A lenda conta que sua boca não respondeu, mas sua alma inflamou e ele queimou de amor. Morreu novamen­te. Foi, enfim, viver a realidade de Oxalá, seu querido Pai. No seio do grande babá, finalmente se encontrou...

Essa história ainda pode ser ouvida quando as estrelas surgem no céu. Dizem que o velho Meji é uma delas, brilhando serena no firmamento. Iluminando e velando os terreiros. É hoje uma das muitas jóias que ornam o Ori do velho e querido papai Oxalá...

Êpa Babá!

Pai Antônio de Aruanda 15/02/07


“És uma gota de meu oceano:
cheia de pérolas, a concha da alma.”

quinta-feira, 3 de março de 2011

Gira de Preto Velho



Firma o ponto minha gente
Preto Velho vai chegar
Ele vem de Aruanda
Ele vem pra trabalhar...


Era dia de "gira de preto velho" naquele terreiro. Enquanto os consulentes chegavam ansiosos e esperançosos em levar de volta a "solução" daqueles problemas que atrapalhavam suas vidas, na frente do congá os médiuns vestidos de branco e de pés descalços concentravam-se, ligando-se aos seus protetores e guias.

O ambiente denotava simplicidade e era mobiliado apenas com algumas cadeiras para acomodar os consulentes, poucas banquetas para os médiuns que serviriam de "aparelhos" às entidades espirituais e o congá, onde um vaso de flores, outro de ervas e os elementos ar, fogo, água e terra se faziam presentes. Acima, uma imagem de Jesus resplandecente de luz.

Iniciando-se a sessão através de pontos cantados e orações, após uma leitura espiritualista elucidativa, iniciavam-se as incorporações de maneira moderada. Do lado astral, as falanges de trabalhadores já haviam chegado muito tempo antes dos médiuns e ali já haviam preparado o ambiente fluidicamente. Uma varredura energética havia sido feito pelos elementais onde primeiramente atuaram as salamandras e após as sereias e ondinas, fazendo com que toda a matéria astralina densa que ali se encontrava, fosse transmutada permitindo a chegada dos espíritos trabalhadores.

a porta do ambiente, junto à firmação de ponto riscado e da presença do elemento fogo, postava-se o guardião da Casa, Exu Gira Mundo, impondo respeito e segurança. Num raio de 360º ao redor da construção, uma guarnição dos caboclos na egrégora de Ogum formavam verdadeira muralha armada, impedindo a invasão de seres indesejáveis ao bom andamento do trabalho da noite. A construção toda estava no interior de grande pirâmide iluminada na cor violeta, com grande e grossa placa de aço imantado na parte inferior impedindo que o excesso de energia telúrica desequilibrasse a polaridade positiva que era captada pelos sete anéis giratórios que ladeavam a pirâmide, representando as Sete Linhas de Umbanda. Cada um desses anéis destacam-se na cor fluídica de seu Orixá e emitiam um harmonioso som diferenciado.

Cada um dos consulentes que adentrava ao ambiente passava agora primeiro pela defumação que queimava junto à porta, em cumbuca de barro, exalando o cheiro das ervas perfumadas sendo incineradas pelo carvão vegetal. Equipes de limpeza se movimentavam no lado espiritual, recolhendo as larvas astrais e outras espécies de energias deletérias que ali eram desagregadas dos corpos dos consulentes, as quais não eram totalmente absorvidas pelo carvão ou transmutadas pelo elemento fogo.

Em alvíssimas vestes, os amados Pais e Mães, na sua roupagem fluídica de Pretos velhos, trazendo a alegria estampada em sua energia, tomavam conta de seus "aparelhos" médiuns, atuando no chácra básico dos mesmos, obrigando-os a dobrar as suas costas à semelhança de velhos arqueados, incentivando-os ao trabalho fraterno.

E assim, de consulente em consulente, de caso em caso, com a paciência e sabedoria que lhes é peculiar, entre uma baforada e outra de palheiro ou de alguma espanada com o galho de ervas na aura daqueles filhos, os bondosos espíritos cumpriam sua missão. Eram conselhos, corrigendas, desmanche de magia negra, de elementares artificiais negativos, limpeza e equilíbrio dos corpos sutis, retirada de aparelhos parasitas e às vezes, alguns puxões de orelha necessários, em forma de alerta. Tudo de acordo com o merecimento do consulente, pois cada um trazia consigo a amostragem de sua "ficha cármica" onde estavam impressos o que a Lei permitia ser mudado, bem como o que ainda era necessário que com eles permanecesse.

Vó Benta, espírito portador de grande sabedoria e humildade, apresentando-se naquele local com o corpo astral de negra velha de pequena estatura, com roupas simples e alvas, cuja saia comprida e larga era coberta por um avental onde um bolso era recheado de ervas e patuás, tinha uma maneira simplista e diplomática de fazer com que os filhos entendessem que eles próprios eram seus médicos curadores:

- Minha mãe, acho que estou sendo vítima de "trabalho feito" pela minha ex mulher...

Sorrindo e com linguagem peculiar, segurava com firmeza as mãos do moço passando-lhe com isso confiança e com a voz recheada de afeto respondia:

Negra velha vai explicar para que o filho entenda: - quando sua casa está totalmente fechada, fica escura e nada pode entrar, às vezes nem a poeira. Não é isso? Quando o filho abre as janelas e portas, a luz do sol entra invadindo todos os cantos, mas podem entrar também as moscas, baratas, formigas e até os ladrões, não é? Para a sujeira e os bichos, o filho pode usar a vassoura, para os ladrões a lei, a segurança.

E para a luz do sol? Ah, essa filho, fica ali iluminando até que o filho feche toda a casa outra vez. Assim também é a nossa casa interna; quando nos fechamos para a vida, para o trabalho, ficamos no escuro e ao nos abrirmos, deixamos a luz entrar, mas ficamos sujeitos a todas as outras energias que pululam ao nosso redor. Mas como acontece na casa material, onde não houver os atrativos da sujeira e do lixo, os insetos não se aproximam. Se estivermos equilibrados, sem raiva, mágoa, ciúmes, vícios e todos esses lixos que os filhos buscam na matéria, nada nem ninguém consegue afetar nossa energia, nossa vida. Só o sol permanece no coração de quem procura manter-se limpo.

Negra velha sabe que esse mundão está de cabeça para baixo. No lado material os filhos andam desarvorados pela dificuldade de sustento de suas famílias, quando não, em busca de supérfluos. Mas mesmo assim, é preciso lembrar aos filhos, que embora estejam na matéria e sujeitos a ela, a vida real está no espírito imortal. É preciso dar mais atenção, senão prioridade, à essência em detrimento do restante, para que possa haver o equilíbrio dos elementos inerentes à vida, na sua totalidade..

O mal que é enviado aos filhos, só vai instalar-se se encontrar no endereço vibratório, ambiente adequado. Sem contar que o medo é porta aberta - e atrativo - para a entrada do desequilíbrio. O medo é sentimento muito usado pelas energias da esquerda, uma vez que fragiliza o corpo emocional facilitando sua atuação mórbida. Por outro lado, negra velha pergunta para o filho: - se a desordem não houvesse se instalado, por acaso o filho estaria aqui, sentado no chão, em frente à preta velha, buscando humildemente ajuda espiritual? Nem sempre o que nos parece mal, é tão prejudicial assim. Pode ser o remédio adequado para o momento, ou talvez a estremecida necessária no corpo astral dos filhos, para que a ordem possa reinstalar-se.

As trevas, meu filho, estão vinte e quatro horas de plantão. E os filhos, acaso estão? Não adianta orar e não vigiar, pois o pensamento é energia e com ele nos adequamos ao campo energético que quisermos.

Antes da hora grande as falanges da egrégora dos Pretos Velhos, despediram-se de seus aparelhos, alguns precisando largar e desfazer a vestimenta astral usada para que pudessem chegar até os aparelhos mediúnicos e voltavam agora para as bandas de Aruanda, onde continuariam suas atividades no mundo astral. Pois como diz a Vó Benta, "se pensam que morrer é dormir e descansar, os filhos estão muito enganados... desse lado tem muito trabalho e como nem o Pai está imóvel, quem somos nós cuja ficha cármica demonstra um vasto débito, para nos aposentarmos?"..

Agora as velas apagam-se, os elementos voltam a integrar a natureza, os elementais após limparem o ambiente retornam aos seus devidos reinos, os elementares foram desagregados pela força e sabedoria dos pretos velhos e os médiuns voltam aos seus lares com a sensação de paz que só é sentida por aqueles que cumprem com seus deveres.

Preto velho já foi,
Já foi pra Aruanda,
A benção meu Pai
Saravá pra sua banda...



(Autor desconhecido)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

SOU UMBANDA


SOU A FUGA PARA ALGUNS, A CORAGEM PARA OUTROS.

SOU O TAMBOR QUE ECOA NOS TERREIROS, TRAZENDO O SOM DAS SELVAS E DAS SENZALAS.

SOU O CÂNTICO QUE CHAMA AO CONVÍVIO SERES DE OUTROS PLANOS.

SOU A SENZALA DO PRETO VELHO, A CERIMÔNIA DO PAJÉ; A ENCRUZILHADA DO EXU,
O JARDIM DA IBEIJADA, O NIRVANA DO HINDU E O CÉU DOS ORIXÁS.

SOU O CAFÉ AMARGO E O CACHIMBO DO PRETO VELHO, O CHARUTO DO CABOCLO E DO EXU; O CIGARRO DA POMBA-GIRA E O DOCE DO IBEJI.

SOU GARGALHADA DA POMBA GIRA, O REQUEBRO DA CIGANA, A SERIEDADE DO EXU.

SOU O SORRISO E A MEIGUICE DOS PRETOS VELHOS; A BRINCADEIRA DAS CRIANÇAS E A SABEDORIA DOS CABOCLOS.

SOU O FLUÍDO QUE SE DESPRENDE DAS MÃOS DO MÉDIUM LEVANDO A SAÚDE E A PAZ.

SOU O ISOLAMENTO DOS ORIENTAIS ONDE O MANTRA SE MISTURA AO PERFUME SUAVE DO INCENSO.

SOU O TEMPLO DOS SINCEROS E O TEATRO DOS ATORES.

SOU LIVRE.

SOU DETERMINADA E FORTE.

MINHAS FORÇAS?

ELAS ESTÃO NO HOMEM QUE SOFRE E QUE CLAMA POR PIEDADE E POR AMOR.

MINHAS FORÇAS ESTÃO NAS ENTIDADES ESPIRITUAIS QUE ME UTILIZAM PARA SEU CRESCIMENTO.

ESTÃO NOS ELEMENTOS. NA ÁGUA, NA TERRA, NO FOGO E NO AR; NA PEMBA,
NA MANDALA DO PONTO RISCADO.

ESTÃO FINALMENTE NA TUA CRENÇA, NA TUA FÉ, QUE É O ELEMENTO MAIS IMPORTANTE NA MINHA ALQUIMIA.

MINHAS FORÇAS ESTÃO EM TI, NO TEU INTERIOR, LÁ NO FUNDO NA ÚLTIMA PARTÍCULA DA TUA MENTE, ONDE TE LIGAS AO CRIADOR.

QUEM SOU?

SOU A HUMILDADE, MAS CRESÇO QUANDO COMBATIDA.

SOU A PRECE, A MAGIA, O ENSINAMENTO MILENAR, SOU CULTURA.

SOU O MISTÉRIO, O SEGREDO.

SOU O AMOR E A ESPERANÇA

SOU A CURA.

SOU DE TI.

SOU DE DEUS.

SOU UMBANDA.

SÓ ISSO. SOU UMBANDA.

ANATOMIA DO MEDIUM


Os Exus são minhas pernas. Ajudando-me a caminhar rumo à evolução. Cada encruzilhada é um desafio. Posso tropeçar e até cair, mas nunca me desviar do caminho, pois são Eles que me conduzem.

Os Baianos saõ meus braços. Com sua força e resistência me ajudando a suportar o peso das adversidades da vida. Nos momentos de luta, meus braços implacáveis, nos momentos de paz são só carinhos.

O Caboclo é meu peito; meu coração. Com sua coragem nunca recuo de meus inimigos. Posso até sentir medo das mudanças, mas nunca desistir de meus objetivos.

O Preto Velho é minha cabeça; meu cerebro. Com sua sabedoria entendo que as cosias da matéria são passageiras. Com sua paciência compreendo e respeito as diferenças de meu irmão, pois somos uma grande corrente universal, e ele depende de mim tanto quanto eu dependo dele. Com sua inocência e pureza atinjo a plenitude, pois "são delas o Reino dos Céus".

Os mistérios do saber se encerram em meu intímo, pois sou o Verbo que se fez carne. Sou a Umbanda. A Umbanda sou eu!